O Estupro da Educação
Caros amigos, garotas e garotos. Temos visto nos últimos 30 dias o crescente debate sobre o estupro de mulheres, jovens, adolescentes e meninas. Quero esclarecer que esta discussão deve incluir atitudes igualmente repugnantes mas que não chegam as vias de fato como homens que se aproveitam de mulheres em diversas situações. Enfim todo tipo de agressão que tenha como objetivo a intimidação com intenção de forçar atos sexuais. Pois bem, estamos vendo aí a multiplicação de imagens estampando o já famoso jargão "EU NÃO MEREÇO SER ESTUPRADA" lançado em campanha nas redes sociais após a divulgação do polêmico resultado de pesquisa que apontou a própria mulher como culpada dessa aberração por suas roupas curtas e ousadas. A lógica é: a mulher usa intencionalmente ou por questões culturais roupas com exagerado apelo sensual que despertam, por onde passam, desejos e fantasias sexuais nos homens em geral sendo que alguns não conseguem controlar o instinto animalesco extrapolando o limite da imaginação e partindo para a ação.
Na minha opinião, ideia central neste debate é a justificada revolta quanto ao resultado da famigerada pesquisa que coloca a vítima como culpada e isso, a primeira vista, é incompreensível e inadmissível. Agora, mesmo relutando, me pego refletindo sobre isso. Essa pesquisa é a voz das ruas onde um número significativo de pessoas (na maioria mulheres) foi questionada. Me lembro então daquela máxima "A voz do povo é a voz de Deus" e portanto procuro sair do raciocínio óbvio e raso para decifrar este enigma. Tem que haver uma mensagem nas entrelinhas deste resultado que não pode ser por preguiça ou por questões emocionais, ignorado. Me sinto muito confortável para fazer isso porque já deixei muito claro a minha posição no texto acima. Na minha modesta opinião, estamos debatendo isso com uma visão míope e por consequência, deixando escapar uma bela oportunidade de aprofundar a questão para falar do evidente, notório e indiscutível avançado processo de vulgarização / banalização do corpo (feminino / masculino) no Brasil. O exagerado apelo sexual está presente em tudo transformando principalmente as formas avantajadas da mulher brasileira com suas bundas perfeitas em um produto de comercialização e exportação como qualquer outro. Falo isso com propriedade porque além do que vejo nas TVs e leio nos jornais, capturei esse tipo de inpute de vários estrangeiros com os quais convivi durante anos na vida profissional. Chega ao extremo de quando um sujeito casado diz a esposa que virá ao Brasil a trabalho, recebe como resposta uma dose extra de recomendações com relação ao assédio das mulheres brasileiras. A muito tempo que vemos nos programas de auditório, nas novelas, reality shows (BBB) nos comerciais e na música (???) cenas e coreografias cujo atrativo é sempre sexual. A coisa piorou muito depois do tal do Funk Carioca (o qual a Globo insiste em promover). Meninas com seus minúsculos shortinhos e avantajados decotes empinando suas bundinhas, descendo e se agachando em movimento de ato sexual. Sem falar que neste ritual ainda são xingadas de vagabundas, cachorras gritando que estão atoladinhas e etc... Outro dia em um dos jornais da TV ouvi que tem um bonde desses do funk formado por meninas, incluindo menores, em que o ministério público estava proibindo uma dança em que elas ficam com as costas no chão e erguem os quadris com os braços pondo em evidência as pernas e a bunda (???). É a disputa pela inovação da involução e do bizarro.
A minha conclusão então é que, é exatamente isso que o resultado da pesquisa reflete: A generalização da cultura da sensualidade vulgar, exposição e banalização do corpo espalhada em todas as classes sociais e faixas etárias. A questão não é o tamanho da roupa que se usa mas em muitos casos a atitude e principalmente o contexto cultural em que estamos metidos. O que quero dizer é que dependendo de onde você esteja no mundo, você pode sair pelado que ninguém nem te nota. Por outro lado, um tornozelo ou uma torneada batata da perna a mostra pode ser um convite ao assédio. Infelizmente, devido ao acima exposto, estamos de corpo e alma na segunda hipótese e isso é fato.
Agora, o que a Educação tem a ver com isso? A resposta é TUDO! Ou diria que a falta de foco na educação tem tudo a ver com este estado de coisas. O valor da bunda é de longe muito maior que o do cérebro. O corpo sarado vale muito mais do que a inteligência da pessoa. A coisa é lógica, se tivéssemos uma preocupação maior com a evolução mental e ocupados em buscar mais e mais conhecimentos, teríamos muito menos tempo disponível para outros assédios mentais.
Antes que mentes maldosas possam pensar diferente, quero aqui reafirmar o meu total repúdio ao assédio sexual e ao estupro independente do contexto cultural em que estamos metidos, nada justifica atos dessa natureza. Porém temos que fazer esta reflexão para agir na causa raiz da maioria dos nossos problemas => FALTA DE FOCO EM EDUCAÇÃO.
E para aqueles que não entenderam o meu ponto de vista, "beijinho no ombro"
...simplesmente perfeito Laudio!!! Falta e muito foco na Educação...
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