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segunda-feira, 2 de junho de 2014

EDUCAÇÃO: Analfabetos Funcionais - Análise do Prof. Guilherme Borges Pacheco Pereira, IMPERDÍVEL

Coaching - Uma outra abordagem para o Sucesso!
                                              Prof. Guilherme Borges Pacheco Pereira

O analfabetismo funcional do universitário brasileiro certamente é efeito de múltiplas causas. Entre elas, a reconhecida má qualidade da educação básica em nosso país. Outra razão que me parece significativa é a expansão da Educação Superior, que está recebendo alunos ainda sem o capital intelectual esperado pelo Ensino Superior comum.
Mas este cenário negativo guarda, de certa forma, uma certa esperança. Creio que estamos passando por um momento de mudança histórica que se resolverá mais adiante. Ou isso, ou o país sofrerá a pena de retornar à condição semelhante aquela existente na primeira metade do século XX.
Um marco recente na educação brasileira, que tem relações diretas com o mencionado analfabetismo funcional, é a busca pela universalização do Ensino Fundamental. No governo FHC, com o Ministro Paulo Renato, atingiu-se 97% de frequência escolar neste segmento. Um número recorde! Qual o primeiro efeito? Aumento nos anos de estudo e diminuição do analfabetismo. Como desdobramento, maior acesso ao Ensino Médio. Vale lembrar que o Programa Bolsa Escola foi acolhido e instituído pelo Governo Federal ainda sob a batuta de FHC/Paulo Renato e se tornou importante instrumento de acesso à escola para o segmento mais pobre da população.
O efeito seguinte foi a demanda pelo Ensino Superior. Uma parte dessa demanda veio da expansão da Educação Básica, outra parte foi induzida pelas políticas oficiais como o FIES, o PROUNI e a Política de Cotas, iniciadas por FHC e continuadas pelos governos Lula-Dilma. Se considerarmos os vários indicadores sociais e econômicos, ainda temos enorme déficit na formação superior. Há cerca de 7 milhões de universitários no Brasil, mas se considerarmos o tamanho da população e o nível econômico do país, deveríamos ter hoje cerca de 20 milhões de universitários. A demanda é ainda muito reprimida e os investimentos e subvenções são justificáveis. Mas tivemos um efeito negativo (creio ser temporário) que foi o ingresso de alunos com pouca preparação para o ensino universitário. A Educação Básica ainda não se ajustou em qualidade à expansão de matrículas dos últimos 15 anos.
A expansão das matrículas é um fato importante, todavia não representa qualidade do ensino, em nenhum dos níveis de ensino. Mas é o primeiro passo para uma educação de qualidade. A partir do aumento da quantidade espera-se o salto qualitativo. Podemos admitir que parece ser mais fácil e recomendável implantar a expansão horizontal da educação (número de matrículas), do que a expansão em profundidade (resultados). Se no momento histórico em que vivemos é inadmissível uma criança fora da escola, daqui para frente é será igualmente intolerável o analfabetismo funcional e a falta de qualidade da educação.
Já estamos enfrentando o desafio da qualidade. Não tenho dúvida que a qualidade virá, mas não como um fato natural, é preciso encaminhar o processo. Mas, de fato, já está acontecendo. Um importante exemplo é que as diferenças de pontuação entre os cotistas e os não cotistas para o acesso às Universidades Federais pelo Sisu, estão caindo, sem que os pontos de corte tenham caído. É um sintoma importante para a qualidade do Ensino Superior.
Por outro lado é verdade que a grande parte dos estudantes universitários (cerca de 75%) está na universidade privada, não na universidade pública onde há mais concorrência e mais competência. Mas este efeito não tardará a alcançar as IES privadas, pois esses estudantes fazem parte do mesmo conjunto que se beneficia da expansão horizontal da educação (vide PROUNI).
É preciso ter paciência histórica, eu escrevi acima. Não tenho dúvidas que conseguiremos. Mas ao mesmo tempo, só nós somos capazes de agir historicamente. A qualidade da educação não é mero acaso, portanto, somente nós somos responsáveis pelas mudanças.
A discussão agora é como fazer. A lista é grande, mas não é impossível.

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