Reproduzo abaixo a íntegra da excepcional matéria escrita por Vívian Soares e veiculada no Jornal Valor Econômico do dia 29/01/2016 abordando a transformação imposta pelo mercado global no que tange a preparação de líderes executivos. Há muito tempo venho trabalhando no desenvolvimento de pessoas como executivo empresarial e Coach. Incentivando-as a ocuparem uma postura de protagonismo no campo profissional e até mesmo pessoal. Instituições de ensino de ponta já iniciaram o processo de readequação de suas metodologias em resposta a essas exigências e a tendência, uma vez que trata-se de uma mudança sem retrocesso, é que esse modelo se alastre rapidamente por toda a rede.
Nesse instante a coisa vem sendo conduzida para satisfazer a ponta aguda da pirâmide, os Executivos, mas a verdade é que esse movimento se esparramará por todos os níveis organizacionais transformando-nos em verdadeiros empreendedores, mesmo enquanto empregados CLT.
Não deixe de ler toda a matéria.
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29/01/2016 - 05:00
Mestres em transformação
"Só há duas coisas
certas na vida: a morte e os
impostos", diz o provérbio inglês
do século XVIII. Na nossa era, porém,
em que evoluções tecnológicas
aceleradas convivem com modelos de negócios
reinventados e crises contínuas, um terceiro item poderia ser agregado à lista
do inevitável: a mudança. No mundo corporativo, as transformações, um dos principais agentes de inovação dos nossos tempos, são sentidas de forma cada vez mais acelerada. Mercados competitivos e
clientes criteriosos exigem empresas criativas,
soluções eficientes e habilidades que vão muito além da dureza dos números.
"O padrão de
competitividade das organizações está mudando. Estamos nos
desligando da produção em massa e
dos processos extremamente rígidos e caminhando
em direção à flexibilidade, criatividade e engajamento. As empresas que
se destacam nesse mercado se baseiam no que há de mais humano no
humano", afirma Anderson Sant'Anna, coordenador do núcleo de desenvolvimento
de pessoas e liderança da Fundação Dom Cabral (FDC).
Nesse cenário, explica, o perfil do profissional que atua nessa empresa também mudou:
perde força a ênfase pura na
qualificação técnica e entram em cena
as competências sociais e
comportamentais.
O grande desafio das escolas de negócios nesse novo ambiente é desenvolver essas habilidades
subjetivas em seus alunos e inovar no ensino "duro" de matérias como finanças e marketing. A
estratégia de muitas delas é investir na
multidisciplinaridade e nos métodos de ensino vivenciais, que os aproximam de situações reais do dia a dia dos
negócios.
Tendência nas escolas de negócios é
desenvolver a visão multidisciplinar dos executivos
O coordenador dos cursos de educação executiva do Insper, Rodrigo Amantea, explica que, em
2013, a escola de negócios refez o seu portfólio de cursos 'para incluir abordagens mais voltadas
para competências como liderança
e empreendedorismo. A metodologia de
alguns programas inclui o design thinking,
um método criativo de solução de problemas com raízes na arquitetura e no urbanismo, e atividades fora
da sala de aula como viagens
internacionais. "Fazemos exercícios de marketing
em ambientes como o metrô de Nova York
e a Times Square para treinar o aluno a
decodificar estratégias por trás de uma observação. O case de negócios é vivido na prática e depois
discutido em sala", afirma.
O conceito tradicional de aulas expositivas em sala de aula também
vem perdendo espaço em alguns programas da Fundação Dom Cabral. "Os ambientes de aprendizagem podem ser museus, teatros, uma visita ao centro da cidade.
O professor deixa de ser o transmissor
de conhecimento e assume a função de facilitador, apresentando problemas e propondo desafios para
que o grupo busque a melhor forma de trazer
respostas", diz Anderson
Sant'Anna.
A abordagem de "solução de problemas", adotada de forma crescente por escolas de negócios no Brasil e no mundo, acompanha a tendência de customização dos cursos de educação executiva. Diferentemente dos
programas fechados de MBA, muitos
deles com currículos recheados de
disciplinas técnicas, os programas desenvolvidos sob medida vêm focando cada vez mais
nas competências sociais e
comportamentais.
Na Saint Paul Escola de Negócios, essa modalidade representa 40% do faturamento e é a que mais cresce,
junto com a educação a distância. José Cláudio Securato, presidente
da Saint Paul, afirma que a proposta
personalizada requer um trabalho de "consultoria": é preciso estudar os cases da empresa,
entender os seus desafios e sua cultura
antes de desenvolver um programa específico. "Um dos cursos recentes que oferecemos tinha 40 horas de conteúdo e exigiu 120 horas de preparação prévia", conta.
Na Escola de Marketing Industrial (EMI), todos os programas são customizados e baseados em projetos reais das companhias. "Cada
empresa chega com um projeto, e o
nosso trabalho é mostrar as ferramentas e atuar
a quatro mãos junto com os
executivos. É mais próximo da realidade dos negócios: não existem disciplinas na vida",
afirma o presidente da EMI,
José Carlos Teixeira Moreira. A
metodologia, segundo ele, é baseada em áreas do
conhecimento tão diversas
quanto filosofia, ciência e arte, trabalhando competências como colaboração,
inovação e consciência ética.
A ética, que desde a crise de 2008 passou a receber
mais atenção das escolas de negócios em todo o mundo,
começou também a fazer parte dos programas de desenvolvimento de líderes
no Brasil. Segundo Moreira, da EMI, empresas com propósitos puramente
financeiros geram comportamentos de desconfiança
entre seus profissionais. "Isso
mina a colaboração e estimula que os executivos apliquem metas insanas e massacrem fornecedores apenas para obter lucro, não se importando com a origem do
dinheiro", diz.
O cenário de crise, segundo ele, vem
mudando essa percepção. "Muitas
empresas se deram conta de que
precisariam trocar toda a sua equipe, porque seus profissionais estavam condicionados a trabalhar de forma gananciosa, e elas mesmas
estimularam isso", diz Moreira. O impacto das próprias atitudes sobre o outro também é, segundo
Rodrigo Amantea, do Insper,
preocupação crescente dos líderes, que buscam desenvolver habilidades como
autoconhecimento e empatia. "A ideia de muitos dos nossos programas é fazer com que o executivo reflita
sobre suas atitudes e consiga
ser um agente de transformação positiva na
organização", diz.
As demandas das empresas
também estão focadas em desenvolvimento
de protagonismo, liderança, visão estratégica e, principalmente, capacidade de relacionamento com outras áreas. Essa visão
multidisciplinar, que cria
pontos de contato entre executivos de diferentes departamentos, é uma das tendências nos novos programas das escolas de negócios. Na Saint Paul, um dos
cursos mais bem-sucedidos este ano foi o
de finanças para não- financeiros,
para que profissionais com formações variadas
possam se comunicar melhor e entender os desafios dessa área. Na Fundação Getulio Vargas (FGV), cursos como
business analytics e big data, que
desenvolvem profissionais capazes de capturar
os dados da empresa e
transformá-los em informação válida para a gestão do negócio, são frequentemente procurados por profissionais de formações tão diversas como marketing e finanças, além de tecnologia.
As inovações no mundo dos negócios vêm gerando demanda
também por executivos mais preparados
para lidar com novas tecnologias. Na Fundação Dom Cabral, elas permeiam
metodologias e temáticas dos programas
para que mesmo executivos de gerações mais antigas
e que precisam liderar jovens que nasceram "digitais" vençam suas desconfianças. "A tecnologia hoje está no dia a dia.
Trabalhamos cada vez mais em rede e de
forma virtual", afirma Sant'Anna. Além de oferecer um
espaço no campus para que os
participantes possam experimentar
inovações tecnológicas de ponta, a
escola estimula tarefas práticas de gerenciamento
de pessoas e negociação a distância, por exemplo. "Não se trata de ensinar tecnologia, mas de abrir mentes e perceber o valor das inevitáveis inovações",
diz.

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