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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Mestres em Transformação - Matéria no Jornal Valor Econômico


Reproduzo abaixo a íntegra da excepcional matéria escrita por Vívian Soares e veiculada no Jornal Valor Econômico do dia 29/01/2016 abordando a transformação imposta pelo mercado global no que tange a preparação de líderes executivos. Há muito tempo venho trabalhando no desenvolvimento de pessoas como executivo empresarial e Coach. Incentivando-as a ocuparem uma postura de protagonismo no campo profissional e até mesmo pessoal. Instituições de ensino de ponta já iniciaram o processo de readequação de suas metodologias em resposta a essas exigências e a tendência, uma vez que trata-se de uma mudança sem retrocesso, é que esse modelo se alastre rapidamente por toda a rede. 
Nesse instante a coisa vem sendo conduzida para satisfazer a ponta aguda da pirâmide, os Executivos, mas a verdade é que esse movimento se esparramará por todos os níveis organizacionais transformando-nos em verdadeiros empreendedores, mesmo enquanto empregados CLT. 
Não deixe de ler toda a matéria.     

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29/01/2016 - 05:00
Mestres em transformação


"Só duas coisas certas na vida: a morte e os impostos", diz o provérbio inglês do século XVIII. Na nossa era, porém, em que evoluções tecnológicas aceleradas convivem com modelos de negócios reinventados e crises contínuas, um terceiro item poderia ser  agregado à lista do inevitável: a mudança. No mundo corporativo, as transformações, um dos principais agentes de inovação dos nossos tempos, são sentidas de forma cada vez mais acelerada. Mercados competitivos e clientes criteriosos exigem empresas  criativas,
soluções eficientes e habilidades que vão muito além da dureza dos números.

"O padrão de competitividade das organizações está mudando. Estamos nos desligando da produção em massa e dos processos extremamente rígidos e caminhando em direção à flexibilidade, criatividade e engajamento. As empresas que se destacam nesse mercado se baseiam no que há de mais humano no humano", afirma Anderson Sant'Anna, coordenador do núcleo de desenvolvimento de pessoas e liderança da Fundação Dom Cabral  (FDC).
Nesse cenário, explica, o perfil do profissional que atua nessa empresa também mudou: perde força a ênfase pura na qualificação técnica e entram em cena as competências sociais   e comportamentais.

O grande desafio das escolas de negócios nesse novo ambiente é desenvolver essas habilidades subjetivas em seus alunos e inovar no ensino "duro" de matérias como finanças e marketing. A estratégia de muitas delas é investir  na multidisciplinaridade e nos métodos de ensino vivenciais, que os aproximam de situações reais do dia a dia  dos negócios.

Tendência nas escolas de negócios é desenvolver a visão multidisciplinar dos executivos

O coordenador dos cursos de educação executiva do Insper, Rodrigo Amantea, explica que, em 2013, a escola de negócios refez o seu portfólio de cursos 'para incluir abordagens mais voltadas para competências como liderança   e empreendedorismo. A metodologia de alguns programas inclui o design thinking, um método criativo de   solução de problemas com raízes na arquitetura e no urbanismo, e atividades fora da sala de aula como viagens internacionais. "Fazemos exercícios de marketing em ambientes como o metrô de Nova York e a Times Square para treinar o aluno a decodificar estratégias por trás de uma observação. O case de negócios é vivido na prática e  depois discutido em sala",  afirma.

O conceito tradicional de aulas expositivas em sala de aula também vem perdendo espaço em alguns programas da Fundação Dom Cabral. "Os ambientes de aprendizagem podem ser museus, teatros, uma visita ao centro da cidade. O professor deixa de ser o transmissor de conhecimento e assume a função de facilitador, apresentando problemas e propondo desafios para que o grupo busque a melhor forma de trazer respostas", diz Anderson Sant'Anna.

A abordagem de "solução de problemas", adotada de forma crescente por escolas de negócios no Brasil e no mundo, acompanha a tendência de customização dos cursos de educação executiva. Diferentemente  dos


programas fechados de MBA, muitos deles com currículos recheados de disciplinas técnicas, os programas desenvolvidos sob medida vêm focando cada vez mais nas competências sociais   e comportamentais.

Na Saint Paul Escola de Negócios, essa modalidade representa 40% do faturamento e é a que mais cresce, junto com a educação a distância. José Cláudio Securato, presidente da Saint Paul, afirma que a proposta personalizada requer um trabalho de "consultoria": é preciso estudar os cases da empresa, entender os seus desafios e sua cultura antes de desenvolver um programa específico. "Um dos cursos recentes que oferecemos tinha 40 horas de    conteúdo e exigiu 120 horas de preparação prévia", conta.

Na Escola de Marketing Industrial (EMI), todos os programas são customizados e baseados em projetos reais das companhias. "Cada empresa chega com um projeto, e o nosso trabalho é mostrar as ferramentas e atuar a quatro mãos junto com os executivos. É mais próximo da realidade dos negócios: não existem disciplinas na vida",   afirma o presidente da EMI, José Carlos Teixeira Moreira. A metodologia, segundo ele, é baseada em áreas do conhecimento tão diversas quanto filosofia, ciência e arte, trabalhando competências como colaboração, inovação   e consciência ética.

A ética, que desde a crise de 2008 passou a receber mais atenção das escolas de negócios em todo o mundo, começou também a fazer parte dos programas de desenvolvimento de líderes no Brasil. Segundo Moreira, da EMI, empresas com propósitos puramente financeiros geram comportamentos de desconfiança entre seus   profissionais. "Isso mina a colaboração e estimula que os executivos apliquem metas insanas e massacrem fornecedores apenas para obter lucro, não se importando com a origem do dinheiro",  diz.

O cenário de crise, segundo ele, vem mudando essa percepção. "Muitas empresas se deram conta de que precisariam trocar toda a sua equipe, porque seus profissionais estavam condicionados a trabalhar de forma gananciosa, e elas mesmas estimularam isso", diz Moreira. O impacto das próprias atitudes sobre o outro também  é, segundo Rodrigo Amantea, do Insper, preocupação crescente dos líderes, que buscam desenvolver habilidades como autoconhecimento e empatia. "A ideia de muitos dos nossos programas é fazer com que o executivo reflita sobre suas atitudes e consiga ser um agente de transformação positiva na organização",  diz.

As demandas das empresas também estão focadas em desenvolvimento de protagonismo, liderança, visão estratégica e, principalmente, capacidade de relacionamento com outras áreas. Essa visão multidisciplinar, que cria pontos de contato entre executivos de diferentes departamentos, é uma das tendências nos novos programas das escolas de negócios. Na Saint Paul, um dos cursos mais bem-sucedidos este ano foi o de finanças para não- financeiros, para que profissionais com formações variadas possam se comunicar melhor e entender os desafios dessa área. Na Fundação Getulio Vargas (FGV), cursos como business analytics e big data, que desenvolvem profissionais capazes de capturar os dados da empresa e transformá-los em informação válida para a gestão do negócio, são frequentemente procurados por profissionais de formações tão diversas como marketing e finanças, além de tecnologia.


As inovações no mundo dos negócios vêm gerando demanda também por executivos mais preparados para lidar com novas tecnologias. Na Fundação Dom Cabral, elas permeiam metodologias e temáticas dos programas para que mesmo executivos de gerações mais antigas e que precisam liderar jovens que nasceram "digitais" vençam suas desconfianças. "A tecnologia hoje está no dia a dia. Trabalhamos cada vez mais em rede e de forma virtual", afirma Sant'Anna. Além de oferecer um espaço no campus para que os participantes possam experimentar inovações tecnológicas de ponta, a escola estimula tarefas práticas de gerenciamento de pessoas e negociação a distância, por exemplo. "Não se trata de ensinar tecnologia, mas de abrir mentes e perceber o valor das inevitáveis inovações", diz.

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