Faço o meu comentário
aqui a respeito de duas matérias muito ricas e igualmente preocupantes
publicadas no jornal O Globo de domingo passado. Elas tratam de dois daqueles
temas que não geram muita audiência e atenção dentro do modelo mental
imediatista e de curtíssimo prazo o qual o ambiente histórico do nosso país
impõe aos seus cidadãos e governantes.
A primeira intitulada
“Oportunidade desperdiçada” aponta para a desanimadora constatação de que no
exato período de efetiva crise econômica prolongada, quando amargamos retração
do crescimento e desemprego crescente, é que passamos pelo momento o qual os
estatísticos denominam de “Bônus Demográfico”. Trata-se de um momento histórico
na configuração da população, segundo as camadas de faixa etária, em que a
população economicamente ativa fica proporcionalmente aumentada em relação ao
número de jovens e crianças. Isso aconteceu devido a redução da taxa de
natalidade nos últimos anos. Paralelamente a isso verifica-se que no mesmo
período o número de idosos se manteve estável. Independente da qualidade
questionável da mão de obra disponível, seria o momento em que o Brasil deveria
aproveitar esse benefício e oferecer condições de emprego e geração de renda
crescente para que se pudesse então engordar os fundos previdenciários para
encarar o repuxo dessa onda positiva. Pois é, como desgraça pouca é besteira, a
inevitável consequência desse Bônus é o Ônus no médio longo prazo, devido ao
aumento da longevidade, essa população economicamente ativa estará na faixa dos
idosos necessitando da sua renda mensal de aposentadoria e cuidados médicos
crescentes. Não precisa lembrar que um
número proporcionalmente menor de pessoas estarão nesse momento contribuindo nos sistemas previdenciário e tributário para arcar com esta conta. Este é mais um
dos impactos nocivos que a visão oportunista de curto prazo pode trazer para a
nossa realidade.
A outra matéria, não
menos importante e com um efeito igualmente nefasto no nosso dia a dia, diz
respeito a estagnação da produtividade da mão de obra Brasileira. Seus efeitos
estão, mais do que nunca, presentes principalmente nos momentos de crise. O
gráfico comparativo plotado na matéria aponta para uma estagnação que remonta o ano de 1980. Em
outras palavras, na média, a indústria produz hoje a mesma quantidade de peças
que produzia em 1980. Mas como é que isso me afeta? Respondo: no bolso e no
número de vagas disponíveis no mercado. A gente reclama que paga caro por tudo
comparativamente com outros países. Reclama que perdeu o emprego porque a
fábrica fechou derrotada pela enxurrada de importados que chegam a preços
ridículos. Acontece que, salvo outros vetores concorrentes, quanto maior a
produtividade, mais barato o produto. Isso acontece devido a economia de escala
que traz o benefício da diluição do custo fixo por um número maior de peças. Em
uma conta simples: se em 80 se produzia 1 peça a qual carregava um custo fixo
de R$1 (equivalente), dobrando a produtividade (tempo suficiente para isso),
teríamos então uma contribuição de R$0,5 de custo fixo em cada peça. Claro que
isso é uma conta bem simplista mas o conceito é esse. Mas espera aí, se fizer
mais com o mesmo recurso, pode ser que fique barato mas e o emprego? Respondo:
o emprego vem com o aumento da renda e do poder aquisitivo. Maior possibilidade
de consumo interno e ganho de mercado externo, o que é o mais importante.
Divisas chegando aos borbotões. Só que hoje, estamos na contramão. Perdendo
divisas para o estrangeiro. Aniquilando nossas indústrias e pior, nem com os
petrodólares poderemos contar mais (pelo menos por um bom tempo).
Concluindo:
No primeiro caso, temo
em dizer que o Titanic já bateu no iceberg. No segundo, já estamos nas
profundezas do oceano. Resta saber: quando começaremos a ter essa primordial
visão estratégica para começarmos hoje a fazer algo decente por nosso futuro?
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Parabéns pela objetividade e clareza!!!
ResponderExcluirObrigado amigo Julio.
Excluirmuito bom!!
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